Hoje é minha estréia no PATO DE LARANJA, fui convidado pelo Rafha, a babá do PATO, para ser um dos colunistas desse site que tenta colocar um pouquinho de alegria na vida dos internautas, tenta, não sei se consegue, mas tenta. E eu estou aqui para isso também, tentar descontrair um pouco mais, tentar fazer rir, tentar deixar a manhã mais produtiva e mais animada, pode ser a tarde também na hora do cafezinho, ou a noite nos intervalos do bate papo, a noite do internauta é cheia de bate papo... quem não vai???
Ai eu fui pensando, pensando e desenterrei do fundo do baú uma historinha verdadeira que aconteceu a algum tempinho atraz, só um tempinho, mas que eu sempre lembro quando acesso o PATO.
Quando eu era jovem...CACETE, eu ainda sou jovem, mas nem tão jovem assim, hoje eu tenho mais de 40, e isso aconteceu quando eu tinha quase 20...
Essa historinha eu sempre lembro quando escuto alguma coisa falando de PATO COM LARANJA, aquele prato que os ingleses colocaram na vida de todo mundo com o filme que tem o mesmo nome, e a peça de teatro que o PAULO AUTRAM representou muito bem lá no Teatro Brasileiro de Comedia, lá na Bela Vista, na rua Major Diogo. Eu assisti e um montão de gente também assistiu. Eu nem me lembro mais, mas o nome da peça eu não esqueço porque me lembra o fato que vou contar.
Quando eu era MAIS jovem...
Uma namorada minha, oriundi, italiana, nobre italiana, mas nem tão nobre, tinha um pé na corte e outro fora da corte, o pai dela dizia que era nobre, conde, barão, pupilo do rei da Itália, nunca vi o rei da Itália, nem sabia que a Itália tinha rei. Mas o cara era importante, era adido cultural da Itália no Brasil, representante de algumas industrias Italianas e bom de papo. A mãe da moça era árabe, claro... família tradicional, sócia do clube Monte Líbano, boa de grana. Era preciso alguém com grana para sustentar a corte.
Eu era o querido da mãe da moça, engenheiro quase formado, bonito, simpático, de família árabe também, e era o namorado da filha dela, ela via em mim o genro que sempre sonhou.
Tapete vermelho para mim, comidinha caseira, papo no sofá da casa, presentinhos nos aniversários e a mor confiança em mim. Eu podia sair com a filha dela, voltar a hora que quisesse e tinha carta branca, eu era o "mais melhor" de todos, o genro que a sogra queria e o noivo que o moça gostava. O pai da moça também gostava, é claro, eu mantinha com ele altos papos.
Um belo dia fomos convidados para jantar na casa de um tio da moça, ou melhor, tio da mãe dela, um cara já mais velho, irmão do avô da moça, casado, sem filhos e que morava numa casa nos jardins, na rua Antilhas, pertinho da rua Estados Unidos, uma senhora casa, grande mesmo, jardim enorme, com acesso para carros pelo portão da frente e direito de estacionar meu fusquinha bege na frente da porta, os carros do tio ficavam na garagem, parecia filme americano, só destoava pelo meu fusquinha bege.
Lá fomos nós eu e minha namorada, o jantar era só para nos dois.
Fomos recebidos pelos tios no hall de entrada, beijinhos, cumprimentos...
-Como vai?
-Tudo bem?
-Esta muito calor, não está?
Mas até que os velhos eram simpáticos, me trataram muito bem, claro, já eram meus conhecidos, mas era a primeira vez na casa deles, fui muito bem tratado.
Já nos aperitivos, o tio me chamou para mostrar os vinhos que ele tinha separado, escolhido, já tinha ido buscar na adega da casa lá no fundo do porão. Me mostrou duas garrafas, já abertas, sem a rolha e no descanso. As duas em cima de um descanso de prata com belos copos do lado. Os dois vinhos franceses, importantes, nome difícil, chateaux não sei do que, nem me lembro, mas eram vinhos importantes, caros e tintos, vinhos de gente bacana. Me pediu para provar, um pouquinho de um numa taça, me falou o nome e me deu para provar, depois repetiu tudo com o outro vinho, e me perguntou qual era o da minha preferência. Eu escolhi um deles e disse que era aquele que eu queria, falando o nome do dito cujo. Não era aquele, o nome que eu falei era do outro... PUTA MERDA. Quem mandou dar uma de entendido e querer me mostrar um cara conhecedor de vinhos... PUTA MERDA.
Mas valeu, o tio deu só uma risadinha e deixou por isso mesmo, claro que ele já sabia que eu não sabia. Nisso uma das moças da casa veio avisar que o jantar estava servido, toda de uniforme preto com rendinhas brancas, toquinha na cabeça, arrumadinha, bonitinha.
Fomos lá, os quatro para a sala de jantar, já na mesa a tia me falou que seria servido um prato que ela gostava muito, eu ainda não conhecia e nem fazia idéia de que existia, era o ainda não tão conhecido e nem tão famoso PATO COM LARANJA.
Eu acabei casando com outra.
terça-feira, agosto 13, 2002
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