CHIQUE
Ontem eu fiquei bonito. Quer dizer... Mais bonito. Porque bonito, gostoso e bom de bola eu já sou, é claro. Sem modéstia nenhuma eu sou de mais. Sapato lustroso, sem amarril, meia na cor do pisante, escura, combinando com a calça. Camisa de linho clara, manga curta, gola abotoada. Calça escura. Porra, eu estava uma parada, se pintasse a Gisele na minha frente, com certeza ela deixaria o Ricardinho e corria para o meu abraço. Acabei sonhando com ela. Coloquei meus óculos Armani com lentes vermelhas e fui para o pedaço, para a balada, a fim de me esbaldar, de encher o caco e me divertir. Era quase meio dia de sábado. Não vão pensar que coloquei óculos escuros de noitão. Cacete, isso eu sei que é meio brega. Todo bonito, cheiroso, gostoso, de banho tomado, queimado de sol, prontinho para a festança. Fui lá no pedaço. Apartamento novo, recém inaugurado, cheirando novo, 3(três) pisos, escada para cacete, dando até canseira. A festança rolava no último piso, piscininha gostosa, vista deslumbrante, mesas com guarda sol, chuveirão, birra geladíssima. Já na chegada me ofereceram uma sunga para tomar um banho molhado de piscina, será que não gostaram da minha roupa??? Porra, esse povo ta me tirando um barato... Nada de sunga, vou ficar no seco, de roupa, vestido, nada de banho, e muito menos banho molhado. Quero mesmo é uma birra gelada e uma carninha mal passada. Todo mundo animado, todos conhecidos, gente boa, gente de casa, amigos, gente alegre. Acomodei-me debaixo de um guarda sol, e fiquei de camarote sendo servido. Fiquei no papo e na birra. Cadê o sol???? Pô, eu saí de óculos escuros e o sol não aparece??? Nem para dar um charminho maior nos meus óculos. São Armani de lentes vermelhas. Sem nada de sol eu vou ter que tirar. Os óculos, os óculos. Ai começou o vento, um vento danado, forte, querendo levar o guarda sol, guardanapos e outras coisas mais. Que puta vento. Porra, no 17º piso é para ventar, mas nem tanto assim. Acho que era uma rajada. Pudera, com o sol escondido e chuva ameaçando o pedaço tinha que ter vento, que puta ventania (ventania, quase um furacão, apelido de um amigo meu, quando ele ler isso aqui vale um alosinho para ele). Fechamos o guarda sol, que nessa altura era mais guarda chuva que guarda sol, tirei meus óculos escuros de lentes vermelhas e guardei no bolso da camisa, fiquei tomando vento na cara, vento e chuva, que já era mais chuva que garoa, pingos, pingões, aqueles de deixar molhado. Fomos para dentro, no piso de baixo, protegidos da chuva. Terração, mesas na pérgula coberta e chuva lá fora. A birra continuou gelada, a carninha vinha sempre no ponto, pãozinho croc, patesinho gostoso e papo animado. Mudamos para gim, aquele da garrafa verde, aquela mais gordinha, vindo lá das terras da rainha, gim tônica, Shwepps. A festança terminou tarde, na calada da noite, de gole e com os óculos Armani de lentes vermelhas no bolso da camisa.
terça-feira, novembro 19, 2002
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