quarta-feira, setembro 11, 2002

A RAINHA TREME SÓ DE ESCUTAR...
CULTURA é bom, alivia o stress, faz bem para a alma e deixa a gente mais esperto. Falar só de cultura é coisa de intelectual, como eu não sou intelectual, vou contar de uma forma mais animada, com um pouco de humor junto, essa historinha verdadeira que aconteceu com um primo meu lá do outro lado do mundo, la na Síria.
Meu primo é o TARIQ, um grande guerreiro, guerreiro de "embas" (túnica árabe), "agal" (lenço amarrado na cabeça), cimitarra (espada na cintura), um belo cavalo, ele montava direitinho, sabia como domar o bicho, e é claro, muitas mulheres, 4 eram oficiais porque o CORAN diz que só pode 4, mas pelo caixa dois ele mantinha umas 43, o cara era um gigante, amigão do príncipe, nas noitadas da vida ele é quem levava o amigo para uma farrinha de vez em sempre, grande TARIQ.
Um belo dia o sultão de Damasco chamou o TARIQ para uma conversinha mais reservada lá no palácio, e o TARIQ foi achando que ia levar uma galada, uma senhora bronca do sultão, pai do amigo dele, ia levar bronca pelas festinhas que eles estavam dando no palácio e não deixavam o sultão dormir sossegado. Ele se arrumou todo, e com a maior cara de santo foi lá ver o que o sultão queria.
-Qifiq ia haie?? Salam a leikum
-Marhaba, qifiq, ma salam.
-Fute, fute..tala honi..
Com os cumprimentos de praxe ele entrou na sala do sultão, se acomodou e ficou esperando a bronca...
-Meu caro TARIQ, estamos com um probleminha e precisamos de você.
-Pois não meu sultão, o seu pedido é uma ordem, pode contar comigo.
-Nossos homens lá no norte da África precisam de um comandante...
Nisso o TARIQ viu que não era bronca, ele viu que o sultão queria falar de outra coisa que ele não estava esperando, estava falando de exércitos...Ai ele pensou..
PUTA MERDA, era isso que o sultão queria me falar?????
Já aliviado, menos tenso e agora com cara santo milagroso, ele escutou pacientemente o que o sultão falou. Esse meu primo é um cara esperto, muito esperto.
O sultão explicou que os exércitos sediados no norte da África estavam meio que sem dono, meio sem um comandante que fosse mais firme e que soubesse chefiar os soldados e que precisava de alguém com braço de ferro para ir organizar os exércitos, chefiar os homens para atacar e derrotar os descrentes de Alla (godos e vizigodos) que ocupavam a Península Ibérica, nas terras onde é hoje Portugal e Espanha, e pediu a ele que fosse lá e levasse a palavra de Alla às terras ocupadas pelos incrédulos. Como meu primo era leal ao sultão, disse que ia, que o sultão ficasse tranqüilo, que ele iria derrotar os incrédulos, conquistar a terra que estava sob o domínio deles, e difundir o ISLÃ nas terras mais atrasadas.
Ai ele foi, chegou animado, com pose de chefe, ele tinha carta branca do sultão, era o enviado oficial, o homem do sultão, e amigão do príncipe, isso dava a ele um poder muito grande, deixava o peito dele estufado, ele era o homem mais importante, mas era um cara legal, todo mundo gostava dele, o poder que dele sobre os homens era de conquista pelo carisma que que ele tinha. Os exércitos eram grandes, numerosos, ocupavam uma área extensa e para derrotar os incrédulos era preciso um plano de ataque rápido, certeiro, era preciso que o elemento surpresa fosse a ponta da lança. O TARIQ reuniu seus comandantes, assessores, os seus chefes e sub chefes, e numa reunião de negócios definiu o plano de ataque. Do norte da África até a Península Ibérica tem um marzão, não é tão grande assim mas é um marzão, o Mar Mediterrâneo, aquele que é feito pelas águas do Bardauni, o rio que depois de atravessar Beirute, vai direto desaguar suas águas nesse mar, o Bardauini é que alimenta o Mediterrâneo (conversa de Libanês, é claro). Para chegar lá tinha que ser de navio. Ai o TARIQ estudou os mapas, pensou, consultou seus assessores e viu que o melhor caminho para chegar lá era o caminho mais curto, fazendo uma escala numa montanha que fica no meio do mar, uma ilha formada por uma pedra imensa, que podia servir de escala e de apoio para chegar do outro lado. As táticas de assalto aos incrédulos foram muito bem elaboradas, tanto que serviram para um outro guerreiro um tal de Hommel copiar e usar com sucesso em outra guerra na mesma região. Pó, o meu primo sabia das coisas.
No meio do caminho, na ilha que estava fazendo apoio, o pessoal do TARIQ viu que a invasão já era um sucesso e chamaram a montanha de TARIQ. A ilha ficou com o nome do meu primo, isso é que é ser importante, ser primo do TARIQ, que até ilha tem com seu nome. Claro que tudo isso em árabe, e em árabe se diz assim...
JAB ALL TARIQ, a montanha do TARIQ, que depois de correr mundo ficou um pouquinho diferente GIBRALTAR.
Eles foram, entraram na península Ibérica, conquistaram as terras em apenas duas semanas com as táticas de assalto elaboradas pelo TARIQ, levaram a palavra de Alla aos incrédulos e ficaram lá por mais um tempinho, uns 800 anos mais ou menos, chegaram no seculo VIII e sairam na idade média no século XV.
Quando o TARIQ viu as terras conquistadas, lá do alto de uma colina verdejante, lembrou da casa dele, das suas mulheres, lembrou da Síria que estava la longe, e com saudades de casa, com uma lágrima escorrendo na face prestou uma homenagem a sua esposa mais querida, ela se chamava EUROPA.

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