quarta-feira, dezembro 18, 2002

DE GOLE

Ontem à noite, no caminho de casa, de volta para casa, umas 10 e tanto, encontrei o Ronam, ou melhor, ele me encontrou. Eu olhei, vi que conhecia o cara, mas na hora não atenei quem era...????
-Quem é esse cara??? Eu sei que conheço, mas quem será???
Ele foi chegando, olhou mais fundo...
-PEDRÃO....!!! Porra meu, que data a gente não se vê...Tudo bem??
Aí, nessa hora eu atenei, descobri, o cara é o Ronam, amigão, “irmãozinho”, como ele fala.
-RONAM...!!! Faz tempo mesmo. Onde você anda, meu???
-To aí pela vida...
Ele já de gole, devia ter tomado umas tantas, meio fora de prumo, falando mais alto, cara de feliz e com cheiro de birra... Pô, ele é meu amigo, não vou deixar ele assim, de gole no meio da noite e sozinho. Vou dar uma atenção que ele precisa e merece. Fui lá, o papo é de bebum, eu já sabia. Eu tinha só que escutar, dar uma atenção.
-Pedrão to feliz em encontrar você. Você mora no meu coração. Eu gosto muito de você...
Eu de orelha percebi que a causa do porre devia ser um arranca rabo com a Roberta, a mulher dele.
-Pedrão, a Rô ta brava comigo, me desprezou, me mandou embora, me chutou, falou que quer que eu morra... Ela não pode fazer isso comigo... Ela não pode. Eu amo ela, Pedrão...!!! Eu amo ela..!!!
Mais papo de bêbado que esse não tem, eu só escutando, amparando, falando um sim, um não, dando atenção. Não tem muito que falar, ele não ia escutar mesmo, nem vai se lembrar se eu falei ou não, vai acordar meu puto com ele mesmo, por nem saber das besteiras que contou pro amigo aqui... Alguma ele devia ter aprontado, a Rô é toda certinha, direitinha, tradicional, cheia dos 800 anos de tradição da família dela. O Ronam é um bonachão, nem aí com o andor, ta na dele e não esquenta... Aí deve ter dado um puta choque, por isso aqueles trovões de tarde....
-Pedrão, ela me mandou embora, e agora????
-Agora você volta para casa que ela já deve ter se arrependido e está te esperando, vamos que eu te levo.
-Pô, Pedrão, você é meu “irmãozinho”.
-Deixa eu pedir mais uma para o garçom, deixa...
-Nada disso, você já tomou todas, o garçom falou que acabou a birra, agora você vai para casa. Eu vou levar você.... Vamos, Iala....
Claro que de gole a gente não quer ir, quer sempre tomar mais uma, ou mais duas, ou mais uma porrada, isso que o Ronam queria. Já era hora de levar ele embora. A Rô com certeza já devia estar preocupada apesar do arranca rabo. Eu conheço, sei que ela devia estar esperando, tinha mais que levar ele embora. Fomos embora. Eu consegui depois de mais um papinho e mais uma birrazinha.... No caminho, já dentro do meu carro, continuou o papo de bebum, uma bobagem atrás da outra. Bobagem porque eu estava são, se também estivesse de gole seria coisa séria, muito séria...
Deixei o Ronam na porta da casa dele, ainda de gole. Agora a Rô era quem ia cuidar dele.

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